Estar grávida...

... é algo que não me lembro a toda a hora.

Muita coisa difere desta gravidez para a anterior.

Senão vejamos, na gravidez da G estava 24 horas por dia livre para ela. Entrei de baixa quase de 2 meses. Como não tinha casa própria, optei por desesperar a pensar nessa possibilidade que se arrastou por cerca de um ano, em vez de me fixar tão e somente no estado em que estava.

Não me sentia cansada, doente ou qualquer outra coisa que tipicamente define as grávidas. Sentia-me sim, irritada por ser inútil, limitada por não ter espaço: primeiro espaço ambiente, aos poucos espaço físico e perda de movimentos... Pensava no bebé com algum carinho mas nunca e muito menos como muitas futuras mamãs definem, um estado de graça que nos faz sentir especiais. Na realidade sentia-me um pouco alien por ser a única no meu grupo que partilhava dessa sensação. Contava apenas com a "compreensão" da "vizinha" Sof, ela própria uma andrómeda na linha da maternidade (como a mim me comparo!) e D.Micas, especializada em assuntos maternais, que com o devido respeito, na altura não suscitavam grande interesse uma vez que euzinha estaria mais direccionada para a construção cívil (a casa, sempre a minha casa im my mind!).
Quando soube que iria ser uma Gabriela, a coisa já ganhou mais forma. Ela existia, tinha nome e eu criei expectativas de como ela iria ser. Vê-la a 4D tornou-a mais minha.

Enfim, gostei de estar grávida, mas aprendi a gostar, não foi algo espontâneo que apareceu com o teste de gravidez posítivo.

Desta vez é diferente. O G (as mesmas iniciais complicam separação de pensamentos, quase que me sinto tentada a chamá-lo de E de Eusébio, ahahah) despertou desde logo em mim a vontade de voltar a ser mãe e de compensar aquilo que não aproveitei da primeira vez... e infelizmente nem da 2ª...

O tempo é escasso. As horas voam e quando vou a ver já estou de seis meses... como é possível?

Não tenho tempo para me bombalear pelas ruas de Lisboa como tanto gosto, de andar às compras, de estar com amigos, de, de, de, tanta coisa que me atropelam os pensamentos.
Este curso maldito suga-me neurónios, pouco resta para a G quanto mais para o G.

Mas ele está comigo, presente segundo a segundo, a respirar comigo e a partilhar os seus batimentos cardíacos 2 vezes mais rápidos que os meus. Dá-me toques como quem diz: "Estou aqui tem calma!" quando deveria ser eu a acalmá-lo neste stress todo.

Enfim, se tudo correr bem, pró final deste mês terei pelo menos umas horas por dia só para nós dois. Vendemos a G à creche e ficamos a regogizar-nos por aí... mas que ela não saiba senão depois vinga-se! Não muito porque até ela própria já me parece rendida a ti. "Ócalo, uhuhu...mano!" grita ela para tu ouvires. Só não te quer é tocar... dá-te um beijo quando menos espero mas foge logo de seguida com medo que a deformes como o fizeste com a minha barriga, lol!

É esperar para ver!

Entretanto, vou desenhando linhas imaginárias nos meus pulsos (para cortar em caso de loucura total), dormindo sonos desejados de tanto ser o cansaço mas que depois são interrompidos por câimbras contínuas, ganhando borbulhas como uma qualquer adolescente que começa agora a baforear uns cigarrinhos, entre outras coisas que me fazem esquecer a vida...