com 7 vidas!
Quando me mudei para esta casa, vivia nas redondezas, fruto de uma ninhada de cães que teria nascido na altura da construção desta mesma urbanização, o cão da obra.
Depressa me despertou a atenção, não bastasse o facto de ser cão mas e creio que principalmente, pela forma apática de sentimentos que demonstrava por quem por ele se interessava.
Achava curioso como um cão de rua, dominante no seu pedaço de espaço arejado, não se impunha aos demais moradores canídeos que para cá se mudavam mas ele continuava com um ar de "sou o rei da rua!".
Aos poucos, fui ganhando a sua confiança, mas sem grandes exageros. O suficiente para que os interesses que lhe convinham fossem alcançados.
Era um cão que para além de apático parecia vazio nos seus sentimentos. Acredito que por muitos passarem por ele sem o quererem ver, ele aprendeu a ser "invisível". Mas não para mim. Adorei-o desde o primeiro instante...
O tempo passou, a obra foi-se e ele para ali ficou esquecido e deprimido. Até que a vontade de viver foi renovada com a constante atenção que eu e os vizinhos lhe dávamos através de carícias, comida e água fresca. Até que a Leishmaniose chegou e o cegou. Perdido naquela que era a sua casa, decaiu de forma desastrosa. Mas eu continuei lá, a medicá-lo e a acarinhá-lo como possível.
Em férias ou ausências delegavam-se responsabilidades a outros (obrigada por isso) e pensava-se à distância sempre no seu bem-estar.
Para a Gabriela, o Rico era dela, assim como o Balú e a Pintas. Para mim também.
Depois de uma vida de maus-tratos, atropelamentos e quizilias com outros quadrúpedes, a sua situação estava iminente. Deixas-te de ladrar a avisar estranhos, de correr atrás de felinos ou de simplesmente abanares-te com a emoção ao veres os únicos que te faziam feliz.
A decisão foi tomada, por muito que custasse o Rico teria de ser preso para sua segurança. O esperar imóvel na estrada que os carro o vissem e se desviassem já não era opção viável. Depois das férias decidi que iria ficar preso no exterior. Acostumar-se-ia, com maior ou menor dificuldade.
Não deu. Não chegou lá. Um carro mais rápido apanhou-te e deixou-te largado. Cheguei tarde mas sei que te aninhei no final. E tu agradeceste por isso. Levantaste com custo a cabeça a indicar onde estavas e eu a custo levei-te. Fiquei junto a ti e disse-te que estava ali, que tudo iria ficar bem e que não estavas sozinho. Assim foste, descansado.
Adeus Rico. Sê feliz, ágil e extrovertido nesse céu de cães. Corre desalmado atrás de gatos traquinas e empoleira-te em nuvens para guardares esse novo espaço.
Esse céu que acarinha todos de igual forma, os lembrados porque foram amados e os esquecidos porque alguém perdeu a oportunidade de os amar. Brilha descansado ao lado do meu Turras até ao nosso um dia, reencontro.
Para a Gabriela, ao ver-te dormir o sono descansado na caminha: "Mãe, óia o Rico a dormir no teu carro, tão fofinho!", a explicação foi: sabes filha o Rico agora vai a dormir no carro da mamã até ao céu, vai para o pé do Turras, pró céu. Vai ser uma estrelinha que tu vês à noite!". "Mãe pa festa das luzinhas no xéu?" "Sim filha para a festa e vai brilhar muito, ao lado do Turras!".
Adeus Rico. Amo-te como se tivesses sido meu e sinto muito a tua ausência. Logo à noite mando-te um beijo. A ti e ao Turrinhas, por isso brilha, mas brilha muito para eu saber que és feliz!
Era um cão que para além de apático parecia vazio nos seus sentimentos. Acredito que por muitos passarem por ele sem o quererem ver, ele aprendeu a ser "invisível". Mas não para mim. Adorei-o desde o primeiro instante...
O tempo passou, a obra foi-se e ele para ali ficou esquecido e deprimido. Até que a vontade de viver foi renovada com a constante atenção que eu e os vizinhos lhe dávamos através de carícias, comida e água fresca. Até que a Leishmaniose chegou e o cegou. Perdido naquela que era a sua casa, decaiu de forma desastrosa. Mas eu continuei lá, a medicá-lo e a acarinhá-lo como possível.
Em férias ou ausências delegavam-se responsabilidades a outros (obrigada por isso) e pensava-se à distância sempre no seu bem-estar.
Para a Gabriela, o Rico era dela, assim como o Balú e a Pintas. Para mim também.
Depois de uma vida de maus-tratos, atropelamentos e quizilias com outros quadrúpedes, a sua situação estava iminente. Deixas-te de ladrar a avisar estranhos, de correr atrás de felinos ou de simplesmente abanares-te com a emoção ao veres os únicos que te faziam feliz.
A decisão foi tomada, por muito que custasse o Rico teria de ser preso para sua segurança. O esperar imóvel na estrada que os carro o vissem e se desviassem já não era opção viável. Depois das férias decidi que iria ficar preso no exterior. Acostumar-se-ia, com maior ou menor dificuldade.
Não deu. Não chegou lá. Um carro mais rápido apanhou-te e deixou-te largado. Cheguei tarde mas sei que te aninhei no final. E tu agradeceste por isso. Levantaste com custo a cabeça a indicar onde estavas e eu a custo levei-te. Fiquei junto a ti e disse-te que estava ali, que tudo iria ficar bem e que não estavas sozinho. Assim foste, descansado.
Adeus Rico. Sê feliz, ágil e extrovertido nesse céu de cães. Corre desalmado atrás de gatos traquinas e empoleira-te em nuvens para guardares esse novo espaço.
Esse céu que acarinha todos de igual forma, os lembrados porque foram amados e os esquecidos porque alguém perdeu a oportunidade de os amar. Brilha descansado ao lado do meu Turras até ao nosso um dia, reencontro.
Para a Gabriela, ao ver-te dormir o sono descansado na caminha: "Mãe, óia o Rico a dormir no teu carro, tão fofinho!", a explicação foi: sabes filha o Rico agora vai a dormir no carro da mamã até ao céu, vai para o pé do Turras, pró céu. Vai ser uma estrelinha que tu vês à noite!". "Mãe pa festa das luzinhas no xéu?" "Sim filha para a festa e vai brilhar muito, ao lado do Turras!".
Adeus Rico. Amo-te como se tivesses sido meu e sinto muito a tua ausência. Logo à noite mando-te um beijo. A ti e ao Turrinhas, por isso brilha, mas brilha muito para eu saber que és feliz!
3 comentários:
Tadinho do Rico... estou triste!
Bolas, era escusado teres-me deixado neste pranto... Como já te disse, ainda que custe a todos, o Rico já não tinha qualidade de vida, por isso há que tentar aceitar... :(
Porra ja estou chsia de Lagrimas!Beijinho no coracao minha Querida sei o quanto lhe dedicavas e ele tambem!
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